Incapacidade da Fertagus: Trabalhadores Ferroviários apresentam soluções

As Organizações Representativas dos Trabalhadores da CP manifestam-se contra a intenção do Governo de transferir comboios da CP para a Fertagus, confirmam que a CP não tem comboios encostados e que a transferência prejudicará o serviço da CP.

A CP investiu 17,5 milhões de euros na renovação de comboios, que agora estão em funcionamento e são essenciais para a operação da empresa. A eventual transferência de comboios da CP para a Fertagus significará uma redução da oferta da CP muito para além do serviço suburbano das linhas de Sintra, Azambuja e Sado. A CP terá de mobilizar comboios de outros serviços a nível nacional para dar resposta à procura de Lisboa, entrando em risco de incumprimento do Contrato de Serviço Público que tem com o Estado Português e comprometendo a mobilidade dos seus clientes.

A partir do dia 9 de fevereiro, passarão a realizar-se comboios na Linha de Leixões, o que obrigou à deslocação para o Porto de unidades que faziam serviço na Linha do Sado e de Lisboa para a Linha do Sado para compensar as que foram para o Porto. A breve prazo, serão reabertas as Linhas do Oeste e Beira Alta e iniciada a exploração em tração elétrica da Linha do Algarve. Assim, ao retirarem-se comboios aos urbanos de Lisboa, o problema deixa de ser local para passar a ser um problema nacional, porque impede a deslocalização de material para as linhas do Algarve, Oeste, Beira Alta e teria, desde já, impedido a reabertura da Linha de Leixões.

Os trabalhadores ferroviários da CP estão plenamente cientes das dificuldades criadas às populações da margem sul do Tejo e propõem soluções como a reorganização dos horários e a implementação de transportes rodoviários alternativos pela Fertagus para resolver a insuficiência de oferta sem prejudicar a CP. Sugerem, por exemplo, que alguns comboios Sintra-Campolide-Rossio passem a Sintra-Campolide-Coina e que alguns comboios Castanheira do Ribatejo – Alcântara passem a Castanheira do Ribatejo – Fogueteiro. Além disso, propõem a realização de comboios semidirectos a Setúbal ou mesmo até Grândola, via Alcácer do Sal.

Os trabalhadores da CP enfatizam que a legítima necessidade de resolver o problema de uns não pode agravar o problema de outros e que é necessário dar resposta às necessidades das populações. Defendem que a CP é a única entidade que tem o conhecimento e a escala para proporcionar a mitigação deste problema, ajustando a sua própria operação, sem incorrer no perigo de criar problema idêntico noutro local.