46 anos de SMAQ
A fundação em 4 de março de 1978 do Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses, respondendo ao descontentamento e sentimento de sub-representação por parte dos trabalhadores Maquinistas, cujos anseios não encontravam eco na estrutura sindical existente à época, marcou um ponto de inflexão no panorama da representatividade ferroviária em Portugal. A criação do SMAQ materializava, portanto, os interesses de um grupo alargado de trabalhadores com um certo grau de especialização, e especificidades laborais distintas, que passaria a defender, a cujas reivindicações nenhuma outra organização sindical tinha até então mostrado sensibilidade.
Originariamente nascido no ambiente da grande empresa pública CP, com o tempo, e com as transformações ocorridas no setor, a representatividade do SMAQ alargou-se a outras empresas, não apenas da ferrovia pesada, mas também dos sistemas de metropolitano ligeiro que, entretanto, surgiram.
O Caminho de Ferro em Portugal e na Europa atravessa um momento histórico. Um momento de ruptura e transformação. Isto é, os anteriores paradigmas de organização, gestão, funcionamento, exploração, agenciamento e propriedade na ferrovia, a que nos habituamos durante décadas, estão a ser abandonados e substituídos por outros modelos e formas. Bom ou mau, este caminho é já irreversível.
A transformação em curso não atinge apenas as empresas e o modo de organização do sistema ferroviário, mas também as condições em que exercemos a nossa profissão. A certificação em moldes europeus, ditada por uma Diretiva própria, plasmada em lei da República Portuguesa, enquadra já hoje o acesso, formação e exercício da profissão de Maquinista da Rede Ferroviária Portuguesa e Europeia. Esta realidade, como sempre, transporta ameaças e também oportunidades. Ameaças que devemos controlar e oportunidades que devemos exponenciar.
O SMAQ e os Maquinistas estão preparados para as mudanças. A nossa organização desenvolve uma atitude proativa, antecipando-se aos problemas, não meramente reativa, reagindo aos desafios apenas depois de eles se declararem. Também a nossa organização se transformou. Passou de um sindicalismo meramente “administrativo”, centrado exclusivamente nas condições remuneratórias e de prestação do trabalho, para um leque mais alargado de preocupações, desenvolvendo uma intervenção forte nas questões da Segurança Ferroviária e na regulação do acesso e formação da profissão de Maquinista.
Plenário de Dirigentes e Delegados Sindicais da Medway
Realizou-se hoje na sede do SMAQ em Lisboa um Plenário de Dirigentes e Delegados Sindicais da MEDWAY com a finalidade de analisar a atualidade sindical nesta empresa.
Assinado o primeiro Acordo de Empresa na Captrain (ex-Takargo)
Plenário de Maquinistas da Captrain (ex-Takargo)
Decorreu hoje, na sede do SMAQ em Lisboa, um Plenário de Maquinistas da Captrain (ex-Takargo) com o objetivo de debater a finalização do processo negocial com vista à assinatura do Acordo de Empresa que, pela primeira vez, regulará as relações laborais entre esta empresa e os seus Maquinistas.
PRÓSPERO ANO NOVO!
Os Corpos Sociais do SMAQ desejam a todos os Associados e suas famílias um Próspero Ano Novo.
Faleceu o advogado do Sindicato dos Maquinistas, Dr. Jorge Pires Miguel
Faleceu o advogado do Sindicato dos Maquinistas, Dr. Jorge Pires Miguel.
O Dr. Jorge Pires Miguel há 20 anos que acompanhava, aconselhava e defendia o SMAQ, tendo contribuído, com o seu profundo conhecimento jurídico e vasta cultura sindical, para muitas das vitórias do nosso Sindicato em defesa dos Maquinistas Portugueses em todas as empresas onde temos Associados e nos tribunais a que foi necessário recorrer.
O Dr. Pires Miguel era um profundo conhecedor e defensor do Movimento Sindical e dos Trabalhadores.
O SMAQ endereça à família enlutada e aos colegas de gabinete as mais sinceras condolências.
Paz à sua alma.
Estabelecimento de um regime específico de reforma antecipada a definir em legislação especial para os Maquinistas de Locomotivas e Comboios do Sistema Ferroviário e Metropolitanos
Precisamos da contribuição de todos que queiram colaborar com o nosso objetivo assinando a nossa petição.
A petição está cientificamente fundamentada por estudos realizados por renomados académicos de universidades públicas portuguesas.
Com os nossos agradecimentos,
A Direção do SMAQ
Operadores de Circulação da Medway frequentam Curso de Maquinistas
Aquando da negociação do AE Medway/SMAQ em vigor, que introduziu uma nova realidade na operação desta empresa, o SMAQ colocou como condição incontornável a possibilidade de todos os Operadores de Circulação (Agentes de Acompanhamento), que reunissem as características necessárias, pudessem aceder à formação para ingresso na Profissão de Maquinista. Assim, foi iniciado no passado mês de abril, e com término previsto para setembro de 2023, um Curso de Maquinistas exclusivamente para Operadores de Circulação, formação esta totalmente suportada pela Medway.
Como sabemos, este curso no mercado tem um valor superior a 15 mil euros. Portanto, estes trabalhadores (11 no total), fruto da ação sindical do SMAQ, tiveram a oportunidade única de frequentarem o Curso de Maquinistas e, consequentemente, evoluírem positivamente, com ganhos financeiros e profissionais, na sua carreira dentro da Medway. Está previsto o início de um novo curso ainda este ano com os mesmos objetivos e características.
O SMAQ expressa a sua satisfação e dá as boas-vindas a estes profissionais pelo seu ingresso na Carreira de Tração.
O SMAQ, como Sindicato cuja primordial função é a defesa dos trabalhadores, em todas as negociações e em todas as empresas, tem como objetivo fundamental a defesa dos postos de trabalho, da qualidade do emprego e da evolução profissional e social dos trabalhadores e exigirá em todos os casos que venham a colocar-se no futuro o mesmo procedimento que foi adotado na Medway.
Reunião da Junta Diretiva do ALE – Federação dos Sindicatos dos Maquinistas da Europa
POSTER CIENTÍFICO “IMPACTO PSICOLÓGICO DO SUICÍDIO NA FERROVIA: SAÚDE MENTAL E ACEITAÇÃO DO SUICÍDIO EM MAQUINISTAS” OBTÉM MENÇÃO HONROSA NO XIX SIMPÓSIO SOCIEDADE PORTUGUESA DE SUICIDOLOGIA
A equipa de investigadores do Laboratório de Reabilitação Psicossocial da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, autora do Estudo “Fatores de Desgaste psicológico e Trauma nos Maquinistas da Ferrovia Portuguesa” [1], liderada pela Professora Doutora Cristina Queirós, apresentou dois posters científicos baseados neste trabalho no XIX Simpósio de Suicidologia que decorreu nos dias 13, 14 e 15 de abril na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, tendo poster intitulado “Impacto Psicológico do Suicídio na Ferrovia: Saúde Mental e Aceitação do Suicídio em Maquinistas” obtido do júri uma Menção Honrosa.
O impacto que o exercício da atividade profissional dos maquinistas tem na sua saúde psicológica é a principal razão da colaboração deste Sindicato com este laboratório na realização destes estudos. O SMAQ reivindica igualmente junto das empresas e dos organismos que governam a atividade ferroviária em Portugal e na Europa o estabelecimento de protocolos de acompanhamento psicológico aos maquinistas intervenientes em situações de colhidas na via.
[1] Queirós, C., Fonseca, S., & Faria, S. (2021). Relatório Técnico: Fatores de desgaste psicológico e trauma nos maquinistas da ferrovia portuguesa. Porto: LabRP da FPCEUP.
Seguidamente apresentamos os resumos dos trabalhos apresentados:
Painel temático: Suicídio na ferrovia
Autores & Afiliação:
Cristina Queirós 1, Sara Faria 1, Sérgio Fonseca 1 & SMAQ 2
1 Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação – Universidade do Porto, 2 Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses
Autor responsável: Cristina Queirós
Impacto psicológico do suicídio na ferrovia: saúde mental e aceitação do suicídio em maquinistas
Durante a sua atividade profissional a maioria dos maquinistas já foi confrontada com casos de suicídio na ferrovia, concretizados através do comboio que conduzem. Apesar de existirem protocolos de atuação a cumprir, a situação tem impacto emocional negativo que pode afetar a saúde mental do maquinista, nomeadamente evolução do stress no trabalho para burnout e uma habituação ao suicídio que legitime este para si próprio.
Pretendem-se conhecer os níveis de stress/ansiedade/depressão, stress pós-traumático, burnout e aceitação do suicídio em maquinistas de comboios envolvidos em suicídios na linha.
No âmbito de um estudo mais vasto do SMAQ/FPCEUP com dados recolhidos online em 2019 em 664 maquinistas de comboio/metro no ativo, selecionaram-se 286 maquinistas (43%) envolvidos em suicídios na linha, usando os questionários EADS (Saúde mental), IES-R (stress pós-traumático), CESQT (burnout) e CCCS-18 (aceitação do suicídio).
Encontrou-se 30% da amostra com sintomas de stress, 44% de ansiedade, 49% com sintomas depressivos, 36% com burnout e 80% com sintomas de stress pós-traumático, dos quais 59% com trauma intenso, sendo baixa a aceitação do suicídio. Existiram correlações positivas significativas entre as variáveis psicológicas, sendo a legitimação do próprio suicídio explicada em 14% pelo burnout, 9% pelo stress/ansiedade/depressão e 3% pelo stress pós-traumático, sem contributos significativos de variáveis sociodemográficas nem laborais.
Os resultados alertam para o risco de adoecimento psicológico deste grupo profissional pouco investigado, mas que no confronto frequente com o suicídio de outras pessoas apresenta stress pós-traumático intenso, contribuindo o burnout para um desgaste psicológico que favorece a aceitação do próprio suicídio. Urge que a Suicidologia desenvolva estratégias de atuação direcionadas para este grupo profissional pois cerca de metade está envolvido em suicídios na linha, com todo o impacto negativo que este acarreta.
Palavras-chave: Suicídio, Ferrovia, Maquinistas, Burnout, Stress pós-traumático.
* Sublinhado da nossa responsabilidade.
Painel temático: Suicídio na ferrovia
Autores & Afiliação:
Cristina Queirós 1, Sara Faria 1, Sérgio Fonseca 1 & SMAQ 2
1 Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação – Universidade do Porto, 2 Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses
Autor responsável: Cristina Queirós
Impacto psicológico do suicídio na ferrovia: saúde mental e aceitação do suicídio em maquinistas
Durante a sua atividade profissional a maioria dos maquinistas já foi confrontada com casos de suicídio na ferrovia, concretizados através do comboio que conduzem. Apesar de existirem protocolos de atuação a cumprir, a situação tem impacto emocional negativo que pode afetar a saúde mental do maquinista, nomeadamente evolução do stress no trabalho para burnout e uma habituação ao suicídio que legitime este para si próprio.
Pretendem-se conhecer os níveis de stress/ansiedade/depressão, stress pós-traumático, burnout e aceitação do suicídio em maquinistas de comboios envolvidos em suicídios na linha.
No âmbito de um estudo mais vasto do SMAQ/FPCEUP com dados recolhidos online em 2019 em 664 maquinistas de comboio/metro no ativo, selecionaram-se 286 maquinistas (43%) envolvidos em suicídios na linha, usando os questionários EADS (Saúde mental), IES-R (stress pós-traumático), CESQT (burnout) e CCCS-18 (aceitação do suicídio).
Encontrou-se 30% da amostra com sintomas de stress, 44% de ansiedade, 49% com sintomas depressivos, 36% com burnout e 80% com sintomas de stress pós-traumático, dos quais 59% com trauma intenso, sendo baixa a aceitação do suicídio. Existiram correlações positivas significativas entre as variáveis psicológicas, sendo a legitimação do próprio suicídio explicada em 14% pelo burnout, 9% pelo stress/ansiedade/depressão e 3% pelo stress pós-traumático, sem contributos significativos de variáveis sociodemográficas nem laborais.
Os resultados alertam para o risco de adoecimento psicológico deste grupo profissional pouco investigado, mas que no confronto frequente com o suicídio de outras pessoas apresenta stress pós-traumático intenso, contribuindo o burnout para um desgaste psicológico que favorece a aceitação do próprio suicídio. Urge que a Suicidologia desenvolva estratégias de atuação direcionadas para este grupo profissional pois cerca de metade está envolvido em suicídios na linha, com todo o impacto negativo que este acarreta .
Palavras-chave: Suicídio, Ferrovia, Maquinistas, Burnout, Stress pós-traumático.
* Sublinhado da nossa responsabilidade.